É impossível encontrar uma uva que agrade a todos os paladares, mas se fossemos chutar uma, com certeza seria a Malbec. Frutado, encorpado e com taninos macios, não há como resistir ao fascínio dessa uva, e a variedade versátil não é apenas um acompanhamento fácil e elegante para uma refeição rica (pense bife ou guisado de carne), mas também um excelente vinho para saborear só.
MALBEC EM 60 SEGUNDOS:
Embora o Malbec tenha raízes (literais) na França, foi a Argentina que realmente trouxe essa linda uva ao cenário mundial e tornou-se a principal variedade do país.
Uma variedade de 2.000 anos, Malbec é uma uva madura com história. Teve origem em Cahors, na França, onde foi identificado pela primeira vez por soldados romanos que passavam pela região. Com o passar do tempo, o vinho tornou-se o favorito de figuras famosas como Eleanor da Aquitânia e, mais tarde, Francisco I, que se referia ao Malbec como les plantes du roi (“plantas do rei”). Ele tinha as vinhas plantadas em todo o país, de Fontainebleau à Borgonha. Com este endosso real, o Malbec mudou-se para a região de Bordeaux, onde tem sido usado como agente de mistura para suavizar os taninos mais duros do Cabernet Sauvignon desde então.
Quando a filoxera (inseto inimigo da videira) dizimou vinhedos em toda a Europa no final do século 19, os produtores franceses foram forçados a recomeçar e muitos produtores, especialmente em Bordeaux, optaram por substituir a Malbec – uma uva arriscada e de maturação tardia que nem sempre respondem bem ao clima frio e úmido da região — com apostas mais seguras como Cabernet e Merlot. Assim, com o passar do tempo e os vinhos feitos com essas outras uvas ganharem estatura global.
Quando os vinicultores argentinos buscavam uma uva para melhorar a qualidade de seus vinhos na década de 1850, buscaram o conselho do agrônomo francês Michel Pouget, que trouxe uma variedade de videiras da França, incluindo Malbec.
A uva encontrou seu lar ideal na paisagem montanhosa da Argentina; a experiência foi mais um sucesso do que os enólogos poderiam ter imaginado. Em regiões como San Juan, Salta e especialmente Mendoza – o coração pulsante da indústria vinícola da Argentina – essa uva não apenas sobreviveu, ele prosperou e, em 1962, havia cerca de 60.000 videiras Malbec plantadas em todo o país.
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Enquanto a Argentina abriga uma variedade de terroirs, não podemos discutir o Malbec argentino sem mencionar a arma não tão secreta responsável por seu sucesso: as altitudes extremamente altas dos Andes.
No sopé andino de Mendoza, os vinhedos estão localizados bem acima do nível do mar, com uma altitude média na faixa de 2.000 a 3.600 pés. Essa configuração é muito mais adequada para a delicada uva, de casca fina, que prospera em climas frios e secos e requer boa luz solar para amadurecer completamente. À medida que se sobe as montanhas, a temperatura média diminui, enquanto a amplitude entre as temperaturas diurna e noturna aumenta, impactando na qualidade da fruta e oferecendo uma gama mais excitante de riqueza, texturas e aromas.
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